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ANFÍPODES EM CAVERNAS BRASILEIRAS
Anfípodos compreendem uma ordem do subfilo Crustacea que conquistou os ambientes marinhos, dulcícolas e terrestres. Aproximadamente 8000 espécies são conhecidas, mas muitas espécies novas têm sido descritas. Os aquáticos são popularmente conhecidos como “camarõezinhos”, ou pitus no caso dos dulcícolas, e os terrestres são chamados pulgas do mar, ou pulgas da areia. Em geral, os organismos podem apresentar de 1 mm a 25 cm e caracterizam-se principalmente pela ausência de carapaça, corpo achatado lateralmente, sete pares de apêndices torácicos, sendo o primeiro e o segundo modificados em sub-quelas (os chamados gnatópodos). Podem viver aderidos à vegetação aquática ou associados ao substrato de forma geral, e os terrestres são encontrados em serapilheira e bancos de areia. Possuem capacidade de dispersão limitada, sendo que os únicos registros de dispersão de anfípodos de água doce por maiores distâncias remetem ao transporte entre penas de aves aquáticas. Desta maneira a distribuição da maioria das espécies é mais restrita, com muitos casos de espécies endêmicas as quais são encontradas em apenas um local ou região.
Existem espécies que vivem no ambiente subterrâneo, as quais apresentam adaptações morfológicas, fisiológicas e comportamentais que permitem que vivam nestes ambientes em que predominam a ausência de luz e pouca disponibilidade de recursos alimentares. Assim, os anfípodos cavernícolas geralmente não possuem pigmentos nem olhos, além de apêndices alongados, principalmente antenas e pernas. A diversidade de espécies destes anfípodos é muito expressiva em todo o mundo, no entanto no Brasil ainda há poucos estudos relacionados. Até o presente momento há quatro gêneros registrados no país os quais pertencentes a três famílias diferentes: Spelaeogammarus e Megagidiella (família Artesiidae), Potiberaba (família Mesogammaridae) e Hyalella (família Hyalellidae). Enquanto as três primeiros são estritamente cavernícolas, o gênero Hyalella também pode ser encontrado em corpos d‘água superficiais e de transição entre o ambiente subterrâneo e a superfície.
Muito ainda precisa ser feito no que diz respeito ao conhecimento sobre os anfípodos do Brasil, especialmente os cavernícolas. O CEBS tem contribuído neste sentido através de uma linha de pesquisa em taxonomia e ecologia deste grupo.