Finalizados
Ecotones em entradas de cavernas
Entradas de cavernas são zonas de transição com características
intermediárias, como maior estabilidade ambiental quando comparada ao ambiente epígeo e maior disponibilidade de recursos alimentares comparada aos ambientes hipógeos. Associada a estas interfaces há uma comunidade especifica, capaz de explorar suas características intemediárias e únicas, chamada de comunidade para-epígea. Apesar de fazer parte do ecossistema cavernícola como um todo, nenhum estudo ecológico jamais abordou as zonas de entrada de cavernas de forma abrangente. Este trabalho investigou a comunidade para-epígea da Lapa do Mosquito, identificando sua composição e distribuição espacial de suas populações, bem como explorou suas relações com características climáticas e estruturais do ambiente e relações tróficas. Ao todo foram encontrados 12.438 indivíduos distribuídos em 483 morfoespécies de artrópodes. Foi identificada uma comunidade para-epígea composta por 155 espécies, sendo 55 exclusivas desta comunidade, 49 compartilhadas entre a para-epígea e epígea, 37 compartilhadas entre para-epígea e hipógea e 14 espécies distribuídas nas três comunidades. A comunidade para-epígea estava presente na região compreendida entre 0 e 36 primeiros metros da caverna. A riqueza de espécies variou entre 4 e 8 em setores da região hipógea, aumentando gradativamente a medida em que se aproximava da entrada e atingindo valores em torno de 15 espécies no ambiente epígeo. A diversidade foi intermediária àquelas dos ambientes adjacentes. A luminosidade é um filtro que atua na entrada da caverna e determina a presença e distribuição de várias espécies na comunidade para-epígea. Esta comunidade, desta forma, é parte integrante e fundamental para o ecossistema cavernícola como um todo. Ações que visem a conservação e o manejo de cavernas devem obrigatoriamente contemplar esta comunidade em seu planejamento.